Como falei no outro post, Manaus é o ponto de partida principal para passeios na selva amazônica. E você não pode ir a Amazônia sem ver esta riqueza natural absolutamente incrível. Este passeio foi imperdível e inesquecível, porém recomendo só para pessoas que possam aguentar mosquitos, calor e umidade, e tarantulas... Foi um passeio de 5 dias. Vou explicar para vocês os detalhes de cada dia e o que a gente fez.
DIA 1
Eu fui para a selva acompanhado pelo meu amigo Ike. Ele também é estudante da Graduação de Harvard e está desenvolvendo uma pesquisa no Brasil. A gente se arrumou para sair de Manaus às 8h da manhã. Do nosso albergue, a gente foi de carro até o Porto da Ceasa. Dai a gente embarcou de lancha rápida para ver o Encontro das Águas.
Este fenómeno natural onde o Rio Negro se encontra, sem misturar, com o Rio Solimões é uma maravilha inacreditável. As águas têm origens diferentes, tendo temperaturas e propriedades minerais muito distintas. O Rio Negro, um pouco mais quente, tem água preta porque as folhas e outras materiais naturais se descompõem, dando uma cor mais escura. O Rio Solimões, ao contrário, é um pouco mais frio e de água barrenta por causa das suas origens nos Andes, onde as pedras se quebram e se misturam na água. O mais filé (que quer dizer "legal/bacana/massa" para os amazonenses) foi que você consegue sentir a diferença entre as águas quando a lancha passa entre elas.
A gente foi depois a uma vila chamada Careiro da Várzea, onde tinha muitos peixes e frutas da região. A infraestrutura não era muito boa e tinha propagandas com palavras mal escritas (coxinha era cochinha!). Quando a gente chegou lá, soubemos que já não estávamos na cidade. Dali, a gente foi de micro ônibus pela BR-319 para navegar até o ramal do 14. Terminou a viagem terrestre e fomos de lancha de novo para chegar ao nosso destino final onde ficaríamos por todo o passeio. A gente passou por vários lagos, igarapés e comunidades ribeirinhas. Ao longo da viagem, a gente observou muitos pássaros, macacos de cheiro, e apareceu um boto cor-de-rosa inclusive!
Quando Ike e eu chegamos, já tinha se preparado um suco de maracujá para a gente experimentar. A gente deixamos os nossos negócios no quarto e almoçamos lá. Após o almoço, a gente voltou para o rio para remar nos kayaks que tinha lá na doca. Porém, Ike e eu, como os gordinhos que somos, quebramos o kayak! Foi tipo um mini-naufrágio... A gente estava com muito medo de ser devorados por jacarés ou piranhas, mas graças a Deus tudo deu certo! Voltamos à doca onde fomos cumprimentados pelos guias da gente: Rildo e Romario. Eles ficariam com a gente até o final do passeio. Às 15h, saímos para um passeio de canoa, agora um pouco mais nervosos, para conhecer a região. Porém eu perdi quase toda preocupação quando vi a beleza da natureza, respirei o ar puro, e senti a água doce do rio entre meus dedos. Apareceram vários animais: macacos, pássaros, peixes. A gente voltou para jantar, onde ouvimos todos os sons noturnos da selva. Vou falar que é muito difícil expressar com palavras essa beleza que a gente encontrou lá, especialmente com o português meu tão ruim! Você terá que ir lá para conhecer!
Dia 2
A gente começou o dia passando repelente no corpo todo para uma caminhada na selva. Conhecemos uma grande variedade de espécies de insetos e plantas típicos da Amazônia. Das plantas, eu gostei mais do sapopema (palavra originada do tupo sau'pema que significa raiz chata), uma árvore enorme da floresta pluvial que designa um tipo de raiz grande que se desenvolve junto com o tronco. Curti ele porque é tão grande que consegue abrigar pessoas de noite! Outra planta que gostei era uma espécie de palmeira somente encontrada na Amazônia que serve para construir os tetos das casas dos índios. A gente viu muitas espécies de formiga, um dendrobatidae (um sapo tóxico, também chamado poison dart frog), duas tarantulas, e muito mais. A gente retornou à pousada, onde almoçamos com nosso guia lhe fazendo perguntas sobre o seu estilo de vida. Quase todos os funcionários da pousada eram da mesma família, e ninguém gostava da vida corrida de um metropole. Embora eles vão a mercados em Manaus para comprar algumas coisas, eles realmente preferem levar a vida na selva mesma. O Rildo tinha cinco filhos, mas não queria que eles morassem longe dele. Toda a família se depende de um ao outro. Acho isso muito belo porque os americanos temos o costume de ficar longe da casa após fazermos 18 anos. Aqui, na selva, isso não acontece quase nunca.
Enfim, a gente terminou o almoço e fomos para a doca de novo para a pesca de piranhas. A gente foi a um lugar onde as piranhas deviam ficar. Primeiro pegamos um graveto com uma linha e um anzol. Depois botamos um pedacinho de carne bovina crua para atrair as piranhas. Quando você pesca, tem que ter muita paciência, mesmo assim com piranhas vorazes! Eu peguei seis em total! Uma caiu do anzol e fiquei com medo que ele mordesse meu pé. Eu saltei e quase cai na água! Após essa aventura, a gente voltou para a pousada. A gente jantou bastante rápido porque já tinha outra programação muito bacana: caça de jacaré... Como floridiano, já sabia que o jacaré não gosta dos humanos, mas quando fica com raiva, pode ser muito perigoso... mas na selva pode ser diferente, né? A gente se encontrou na doca, onde a nossa lancha nos esperava. O Rildo falou que devíamos guardar silencio durante a caça. Aparentemente, o jacaré tem medo da voz humana, mas não do son de um motor. O Rildo estava sentado na proa da lancha, e a gente no centro, e Romario estava dirigindo na popa. Tudo estava escuro, mas como a lua era cheia, tinha muita luz natural. As estrelas estavam brilhando como nunca tinha visto na minha vida. Esta beleza se contratava com o medo que a gente tinha - íamos realmente caçar jacarés? Pois é. Rildo e Romario estavam com lanternas, apontando na beira do rio para tentar ver o reflexo da luz nos olhos do jacaré. Após algum tempo, eles viram. A gente se aproximou à beira rio, onde supostamente devia ter ficado o jacaré. O Rildo estava tentando achar um filhote, mas o jacaré que a gente achou era de 3 metros! Não dava para pegar. O jacaré, tecnicamente um caimão, fugiu quando a gente chegou nele. Ike e eu já sabíamos que esse passeio não era brincadeira, mas não tínhamos como sair naquele momento! Continuamos a caça, tentando de ver o vermelho do reflexo da luz nos olhos dos jacarés. Finalmente, achamos um filhote e Rildo lutou até poder assegurar ele com as mãos. Quando Rildo passou o caimão para mim, ele saltar e quase me mordeu! Porém eu consegui assegurar ele no focinho e tudo deu certo para fotografar. Depois, a gente soltou o filhote na água e terminou o dia com a volta para a pousada para dormir.
Dia 3
Às 5h30 a gente se despertou para o passeio do nascer do sol. Foi uma beleza sem paralelo. Voltamos para o café da manhã, onde o Rildo falou que íamos almoçar fora. Ele nos perguntou se comíamos frango... Não sabíamos o que íamos fazer, mas tínhamos certeza que ia ser divertido. A gente foi de lancha para observar os macacos, que brincavam nas árvores. Vimos muitos pássaros, principalmente tucanas. Quando veio a hora do almoço, a gente parou na beira do rio para construirmos um fogo que permitiria que a gente cozinhasse como os índios! A gente procurou madeira seca para pegar fogo mais rápido, e daí a gente assou o frango inteiro. Vou falar que foi o melhor frango que comi na minha vida! Após o almoço, a gente continuou passando o dia fora: fomos pescar piranhas de novo (Ike finalmente pegou uma!! ;) ) e voltamos para "casa". Gostei muito desse dia porque a gente tinha tempo para conversar mais livremente. O Rildo falou dos turistas doidos com que já teve que lidar. O inglês dele era muito bom, mas quando imitou uma menina americana pedindo água assim: "CanIhavabottlawaterplease?", com seu sotaque bem forte, Ike e eu morremos de rir. O Romario era mais reticente do que Rildo, mas ainda ele se abriu para falar da sua paixão para futebol e da esposa dele. Ele tinha 22 anos, e a sua esposa só tinha 17 anos. Eu percebi naquele momento que nos Estados Unidos a gente no geral começa a vida adulta mais tarde do que os brasileiros. Além disso, esse estigma de muitos anos de idade entre dois namorados não existe realmente. A gente voltou para a casa e jantamos aí. Como não tinha ninguém além de Ike e eu, a gente jantou com as funcionárias da pousada. Elas eram muito boa gente, e falaram conosco sobre alguns problemas do Brasil. Elas sentem a crise económica, sim, mas como moram mais afastado da cidade, a tranquilidade da zona protege eles das realidades urbanas. Elas brincaram que os políticos brasileiros roubam tudo, e agora vão querer que os brasileiros votem por dois presidentes para ganharem mais dinheiro. Aqui no Brasil, é obrigatório votar nas eleições. Se não votar, você pode ser multado! Inclusive elas acharam essa regra muito estranha, já que não sentem muito o impacto da política brasileira no dia dia delas. Eu perguntei se a crise tem afeitado a renda do lodge, mas como os clientes delas são principalmente estrangeiros, a crise não tem tido um grande impacto na empresa. Foi interessante que ele dissesse isso, porque outros brasileiros já falaram para mim que o turismo doméstico no Brasil é caro demais, que é mais barato viajar para Argentina ou Flórida do que no Brasil. Após nossa conversa, a gente se despediu e voltou para o quarto para dormir mais uma noite na selva.
Dia 4
A gente saiu de lancha às 8h da manhã para conhecer as casas dos ribeirinhos, os caboclos da região. Fomos à casa de uma família. A casa era bem simples, só tendo artigos básicos. A mãe cozinhava quando a gente chegou, e a filha estava varrendo o piso. Os homens, o pai e o irmão, estavam fora dando de comer aos animais e coletando frutas das várias árvores que tinha na propriedade. A gente passeou para conhecer as frutas que dão as árvores. A gente viu cupuaçu, bananas, tucumã, maracujá, caju, entre muitas outras frutas cujas nomes são difíceis de lembrar... A gente se sentou com a família para aprender mais sobre a vida deles. Eles falaram que fazem o mais possível para produzir tudo o que precisam lá na propriedade. Eles explicaram para a gente como se faz a goma da tapioca desde o começo usando a raiz da mandioca. Agradecemos por ter recebido a gente e fomos embora.
De noite, a gente tinha planejado ir a uma festa da comunidade. Como a festa ia ter gente de muitos bairros e de Manaus mesmo, a gente teve que viajar um pouco longe para chegar lá. A gente embarcou num grande barco com muitas redes penduradas na beirada dele para todas as pessoas passarem bem a noite. Durante as três horas de viagem, a gente bebeu e batemos papo, mas foi difícil ouvir as pessoas falarem porque tinha alto-falantes gigantes que tocavam muito alto o forró brega. Um homem, chamando a todos de "moleque" ficou tão bêbado que quase caiu fora do barco, mas felizmente os irmãos dele o salvaram. Eu estava bem cansado, então tirei uma soneca no meio da viagem. Quando acordei, já chegávamos. Ike e eu entramos na festa, onde tinha muita gente dançando forró. Todos suavam muito, pingando por causa da umidade amazônica. A festa tinha aspectos da Festa Junina e do Festival Folclórico de Parintins, uma festa regional típica da Amazônia. A gente ficou na festa até 4 horas da manhã. Quando saímos da festa, não teve sinal nenhum que ia terminar logo. Voltamos para casa em outro barco motorizado acompanhados por as funcionárias da pousada. O brasileiro é MUITO festeiro, e embora a gente gostou da festa, acho que não vou querer repetir!
Dia 5
A gente voltou para Manaus do mesmo jeito que a gente chegou na selva. Enquanto passávamos pelo Encontro das Águas, meu chapéu caiu da minha cabeça e foi tirado pelo vento. Foi um chapéu especial, e nunca mais vou ver aquele chapéu na minha vida. :( Assim é a vida às vezes.
Quando a gente chegou a Manaus, estávamos bem cansado, mas ainda não conseguindo crer no que a gente experimentou na selva. Que aventura!! Com certeza eu voltarei de novo, só levando comigo mais repelente! Que bom que o Zika não seja um problema muito grave na Amazônia!
DIA 1
Eu fui para a selva acompanhado pelo meu amigo Ike. Ele também é estudante da Graduação de Harvard e está desenvolvendo uma pesquisa no Brasil. A gente se arrumou para sair de Manaus às 8h da manhã. Do nosso albergue, a gente foi de carro até o Porto da Ceasa. Dai a gente embarcou de lancha rápida para ver o Encontro das Águas.
Este fenómeno natural onde o Rio Negro se encontra, sem misturar, com o Rio Solimões é uma maravilha inacreditável. As águas têm origens diferentes, tendo temperaturas e propriedades minerais muito distintas. O Rio Negro, um pouco mais quente, tem água preta porque as folhas e outras materiais naturais se descompõem, dando uma cor mais escura. O Rio Solimões, ao contrário, é um pouco mais frio e de água barrenta por causa das suas origens nos Andes, onde as pedras se quebram e se misturam na água. O mais filé (que quer dizer "legal/bacana/massa" para os amazonenses) foi que você consegue sentir a diferença entre as águas quando a lancha passa entre elas.
A gente foi depois a uma vila chamada Careiro da Várzea, onde tinha muitos peixes e frutas da região. A infraestrutura não era muito boa e tinha propagandas com palavras mal escritas (coxinha era cochinha!). Quando a gente chegou lá, soubemos que já não estávamos na cidade. Dali, a gente foi de micro ônibus pela BR-319 para navegar até o ramal do 14. Terminou a viagem terrestre e fomos de lancha de novo para chegar ao nosso destino final onde ficaríamos por todo o passeio. A gente passou por vários lagos, igarapés e comunidades ribeirinhas. Ao longo da viagem, a gente observou muitos pássaros, macacos de cheiro, e apareceu um boto cor-de-rosa inclusive!
Quando Ike e eu chegamos, já tinha se preparado um suco de maracujá para a gente experimentar. A gente deixamos os nossos negócios no quarto e almoçamos lá. Após o almoço, a gente voltou para o rio para remar nos kayaks que tinha lá na doca. Porém, Ike e eu, como os gordinhos que somos, quebramos o kayak! Foi tipo um mini-naufrágio... A gente estava com muito medo de ser devorados por jacarés ou piranhas, mas graças a Deus tudo deu certo! Voltamos à doca onde fomos cumprimentados pelos guias da gente: Rildo e Romario. Eles ficariam com a gente até o final do passeio. Às 15h, saímos para um passeio de canoa, agora um pouco mais nervosos, para conhecer a região. Porém eu perdi quase toda preocupação quando vi a beleza da natureza, respirei o ar puro, e senti a água doce do rio entre meus dedos. Apareceram vários animais: macacos, pássaros, peixes. A gente voltou para jantar, onde ouvimos todos os sons noturnos da selva. Vou falar que é muito difícil expressar com palavras essa beleza que a gente encontrou lá, especialmente com o português meu tão ruim! Você terá que ir lá para conhecer!
Dia 2
A gente começou o dia passando repelente no corpo todo para uma caminhada na selva. Conhecemos uma grande variedade de espécies de insetos e plantas típicos da Amazônia. Das plantas, eu gostei mais do sapopema (palavra originada do tupo sau'pema que significa raiz chata), uma árvore enorme da floresta pluvial que designa um tipo de raiz grande que se desenvolve junto com o tronco. Curti ele porque é tão grande que consegue abrigar pessoas de noite! Outra planta que gostei era uma espécie de palmeira somente encontrada na Amazônia que serve para construir os tetos das casas dos índios. A gente viu muitas espécies de formiga, um dendrobatidae (um sapo tóxico, também chamado poison dart frog), duas tarantulas, e muito mais. A gente retornou à pousada, onde almoçamos com nosso guia lhe fazendo perguntas sobre o seu estilo de vida. Quase todos os funcionários da pousada eram da mesma família, e ninguém gostava da vida corrida de um metropole. Embora eles vão a mercados em Manaus para comprar algumas coisas, eles realmente preferem levar a vida na selva mesma. O Rildo tinha cinco filhos, mas não queria que eles morassem longe dele. Toda a família se depende de um ao outro. Acho isso muito belo porque os americanos temos o costume de ficar longe da casa após fazermos 18 anos. Aqui, na selva, isso não acontece quase nunca.
Enfim, a gente terminou o almoço e fomos para a doca de novo para a pesca de piranhas. A gente foi a um lugar onde as piranhas deviam ficar. Primeiro pegamos um graveto com uma linha e um anzol. Depois botamos um pedacinho de carne bovina crua para atrair as piranhas. Quando você pesca, tem que ter muita paciência, mesmo assim com piranhas vorazes! Eu peguei seis em total! Uma caiu do anzol e fiquei com medo que ele mordesse meu pé. Eu saltei e quase cai na água! Após essa aventura, a gente voltou para a pousada. A gente jantou bastante rápido porque já tinha outra programação muito bacana: caça de jacaré... Como floridiano, já sabia que o jacaré não gosta dos humanos, mas quando fica com raiva, pode ser muito perigoso... mas na selva pode ser diferente, né? A gente se encontrou na doca, onde a nossa lancha nos esperava. O Rildo falou que devíamos guardar silencio durante a caça. Aparentemente, o jacaré tem medo da voz humana, mas não do son de um motor. O Rildo estava sentado na proa da lancha, e a gente no centro, e Romario estava dirigindo na popa. Tudo estava escuro, mas como a lua era cheia, tinha muita luz natural. As estrelas estavam brilhando como nunca tinha visto na minha vida. Esta beleza se contratava com o medo que a gente tinha - íamos realmente caçar jacarés? Pois é. Rildo e Romario estavam com lanternas, apontando na beira do rio para tentar ver o reflexo da luz nos olhos do jacaré. Após algum tempo, eles viram. A gente se aproximou à beira rio, onde supostamente devia ter ficado o jacaré. O Rildo estava tentando achar um filhote, mas o jacaré que a gente achou era de 3 metros! Não dava para pegar. O jacaré, tecnicamente um caimão, fugiu quando a gente chegou nele. Ike e eu já sabíamos que esse passeio não era brincadeira, mas não tínhamos como sair naquele momento! Continuamos a caça, tentando de ver o vermelho do reflexo da luz nos olhos dos jacarés. Finalmente, achamos um filhote e Rildo lutou até poder assegurar ele com as mãos. Quando Rildo passou o caimão para mim, ele saltar e quase me mordeu! Porém eu consegui assegurar ele no focinho e tudo deu certo para fotografar. Depois, a gente soltou o filhote na água e terminou o dia com a volta para a pousada para dormir.
Dia 3
Às 5h30 a gente se despertou para o passeio do nascer do sol. Foi uma beleza sem paralelo. Voltamos para o café da manhã, onde o Rildo falou que íamos almoçar fora. Ele nos perguntou se comíamos frango... Não sabíamos o que íamos fazer, mas tínhamos certeza que ia ser divertido. A gente foi de lancha para observar os macacos, que brincavam nas árvores. Vimos muitos pássaros, principalmente tucanas. Quando veio a hora do almoço, a gente parou na beira do rio para construirmos um fogo que permitiria que a gente cozinhasse como os índios! A gente procurou madeira seca para pegar fogo mais rápido, e daí a gente assou o frango inteiro. Vou falar que foi o melhor frango que comi na minha vida! Após o almoço, a gente continuou passando o dia fora: fomos pescar piranhas de novo (Ike finalmente pegou uma!! ;) ) e voltamos para "casa". Gostei muito desse dia porque a gente tinha tempo para conversar mais livremente. O Rildo falou dos turistas doidos com que já teve que lidar. O inglês dele era muito bom, mas quando imitou uma menina americana pedindo água assim: "CanIhavabottlawaterplease?", com seu sotaque bem forte, Ike e eu morremos de rir. O Romario era mais reticente do que Rildo, mas ainda ele se abriu para falar da sua paixão para futebol e da esposa dele. Ele tinha 22 anos, e a sua esposa só tinha 17 anos. Eu percebi naquele momento que nos Estados Unidos a gente no geral começa a vida adulta mais tarde do que os brasileiros. Além disso, esse estigma de muitos anos de idade entre dois namorados não existe realmente. A gente voltou para a casa e jantamos aí. Como não tinha ninguém além de Ike e eu, a gente jantou com as funcionárias da pousada. Elas eram muito boa gente, e falaram conosco sobre alguns problemas do Brasil. Elas sentem a crise económica, sim, mas como moram mais afastado da cidade, a tranquilidade da zona protege eles das realidades urbanas. Elas brincaram que os políticos brasileiros roubam tudo, e agora vão querer que os brasileiros votem por dois presidentes para ganharem mais dinheiro. Aqui no Brasil, é obrigatório votar nas eleições. Se não votar, você pode ser multado! Inclusive elas acharam essa regra muito estranha, já que não sentem muito o impacto da política brasileira no dia dia delas. Eu perguntei se a crise tem afeitado a renda do lodge, mas como os clientes delas são principalmente estrangeiros, a crise não tem tido um grande impacto na empresa. Foi interessante que ele dissesse isso, porque outros brasileiros já falaram para mim que o turismo doméstico no Brasil é caro demais, que é mais barato viajar para Argentina ou Flórida do que no Brasil. Após nossa conversa, a gente se despediu e voltou para o quarto para dormir mais uma noite na selva.
Dia 4
A gente saiu de lancha às 8h da manhã para conhecer as casas dos ribeirinhos, os caboclos da região. Fomos à casa de uma família. A casa era bem simples, só tendo artigos básicos. A mãe cozinhava quando a gente chegou, e a filha estava varrendo o piso. Os homens, o pai e o irmão, estavam fora dando de comer aos animais e coletando frutas das várias árvores que tinha na propriedade. A gente passeou para conhecer as frutas que dão as árvores. A gente viu cupuaçu, bananas, tucumã, maracujá, caju, entre muitas outras frutas cujas nomes são difíceis de lembrar... A gente se sentou com a família para aprender mais sobre a vida deles. Eles falaram que fazem o mais possível para produzir tudo o que precisam lá na propriedade. Eles explicaram para a gente como se faz a goma da tapioca desde o começo usando a raiz da mandioca. Agradecemos por ter recebido a gente e fomos embora.
De noite, a gente tinha planejado ir a uma festa da comunidade. Como a festa ia ter gente de muitos bairros e de Manaus mesmo, a gente teve que viajar um pouco longe para chegar lá. A gente embarcou num grande barco com muitas redes penduradas na beirada dele para todas as pessoas passarem bem a noite. Durante as três horas de viagem, a gente bebeu e batemos papo, mas foi difícil ouvir as pessoas falarem porque tinha alto-falantes gigantes que tocavam muito alto o forró brega. Um homem, chamando a todos de "moleque" ficou tão bêbado que quase caiu fora do barco, mas felizmente os irmãos dele o salvaram. Eu estava bem cansado, então tirei uma soneca no meio da viagem. Quando acordei, já chegávamos. Ike e eu entramos na festa, onde tinha muita gente dançando forró. Todos suavam muito, pingando por causa da umidade amazônica. A festa tinha aspectos da Festa Junina e do Festival Folclórico de Parintins, uma festa regional típica da Amazônia. A gente ficou na festa até 4 horas da manhã. Quando saímos da festa, não teve sinal nenhum que ia terminar logo. Voltamos para casa em outro barco motorizado acompanhados por as funcionárias da pousada. O brasileiro é MUITO festeiro, e embora a gente gostou da festa, acho que não vou querer repetir!
Dia 5
A gente voltou para Manaus do mesmo jeito que a gente chegou na selva. Enquanto passávamos pelo Encontro das Águas, meu chapéu caiu da minha cabeça e foi tirado pelo vento. Foi um chapéu especial, e nunca mais vou ver aquele chapéu na minha vida. :( Assim é a vida às vezes.
Quando a gente chegou a Manaus, estávamos bem cansado, mas ainda não conseguindo crer no que a gente experimentou na selva. Que aventura!! Com certeza eu voltarei de novo, só levando comigo mais repelente! Que bom que o Zika não seja um problema muito grave na Amazônia!