Hoje, eu abandonei os confortos da teoria acadêmica e fui visitar onde a medicina se pratica em Recife.
Marquei uma entrevista com a neuropediatra Vanessa van der Linden Mota, a primeira médica que percebeu surto de casos de microcefalia em 2015 e supôs a associação entre o Zika vírus e microcefalia. A sua sede de trabalho é a AACD, a Associação de Assistência à Criança Deficiente, o centro de reabilitação onde a Dra Vanessa atende as crianças com microcefalia. Veja abaixo o artigo que publicou a AACD falando dos casos de microcefalia no seu centro:
"Em fevereiro deste ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência em saúde pública internacional pela microcefalia e outras anormalidades neurológicas relacionadas ao Zika Vírus. O número de casos notificados de recém-nascidos com microcefalia no Brasil, com destaque para Pernambuco, é grande e exige uma mobilização intensa dos profissionais de saúde da região, na busca pelo conhecimento do evento e adoção de medidas de saúde Pública para detecção precoce e assistência aos pacientes.
No fim do ano passado, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco fechou uma parceria com a AACD Recife e, em janeiro deste ano, a Instituição se tornou referência no atendimento de reabilitação de pacientes com a infecção congênita, realizando o acompanhamento, provavelmente relacionado com o Zika Vírus.
Atualmente, a AACD Recife tem 182 pacientes confirmados com microcefalia na faixa de 01 e 07 meses de idade. A equipe médica é formada por fisiatras, neuropediatras, ortopedistas, oftalmologista e geneticista, além de alguns especialistas como otorrinolaringologista." (https://aacd.org.br/casos-de-microcefalia-na-aacd/)
A AACD é um dos centros principais onde se atendem aos casos de microcefalia aqui no Nordeste do País. Mães muito preocupadas vêm de muito longe para buscar atendimento médico para suas crianças. Por causa da concentração de matéria humana e de locais especializados em atendimento neurológico (tem menos de 10 neuropediatras no Nordeste), os centros e hospitais têm que atender a mais dificuldades neurológicas que possível dados os recursos existentes. Tem uma grande deficiência de mão de obra. A Dra Vanessa apontou que uma maneira que o governo está ajudando a situação é erigir mais alguns centros que podem atender as crianças, especialmente no Interior, uma região geralmente mais pobre das zonas litorais.
A missão de decentralizar os atendimentos neurológicos associados à microcefalia está se desenvolvendo. Por exemplo, tem outros centros onde se atendem às dificuldades visuais e auditivas que têm as crianças. Um grande desafio que surgiu mais recentemente que se apresentou é a escassez de especialistas na gastropediatria para atender às dificuldades que têm os bebês microcefálicas com a coordenação de mastigar e engolir.
Eu também tive a oportunidade de falar com algumas mães que tinham bebês com microcefalia. Escutar as histórias de adversidades dessas mães era muito difícil, porque eu me senti impotente sem poder ajudar diretamente. Falaram da irritabilidade incessante de muitas crianças, chorando sem para, que acaba perturbando gravemente o sono. Porém, essas conversas eram muito especiais para mim - eram momentos quando comecei a perceber de modo mais visceral por quê esta pesquisa importa tanto. As consequências que leva a microcefalia são irreversíveis e a realidade não é bonita.
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Após minha visita com Dra. Van der Linden, eu fui a IMIP, uma grande instituição do Recife que trata muitos casos de microcefalia e a síndrome congênita do vírus Zika.
Veja o que se diz do Instituto:
"Fundado em 1960 por um grupo de médicos, liderados pelo Professor Fernando Figueira, seu mentor, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira - IMIP é uma entidade filantrópica, que atua nas áreas de assistência médico-social, ensino, pesquisa e extensão comunitária. Voltado para o atendimento da população carente pernambucana, o Complexo Hospitalar do IMIP é reconhecido como uma das estruturas hospitalares mais importantes do País, sendo centro de referência assistencial em diversas especialidades médicas."
No IMIP, eu entrevistei a mãe Dra. van der Linden, outro neuro quem também trabalha com casos de microcefalia e fazia parte desse equipe da família que supôs uma associação entre zika e microcefalia. No geral, ela falava mais sobre as funções do hospital infantil, já que não é centro de reabilitação como a AACD.
A visita no IMIP foi realmente revelador para entender algumas dificuldades da situação de saúde aqui no Brasil. Embora este hospital é privado, trata muitos pacientes que usam o SUS, o sistema único de saúde, para cobrir a assistência médica. O hospital estava lotado de gente já que aqui em Recife o IMIP é um dos melhores hospitais. Considerando a quantidade de pessoas que são tratadas lá cada dia, o IMIP é muito bem cuidado.
Quando eu estava no IMIP, eu visitei o museu esplendido do hospital. Gostei muito de algumas palavras do seu idealizador e criador: Fernando Figueira.
"Consciente ou não, o homem só se realiza em sua plenitude, quando se esquece de sua individualidade, se eleva e se projeta como parte integrante do imenso corpo social ao qual pertence"
"O médico que só sabe medicina sabe muito pouco"
Marquei uma entrevista com a neuropediatra Vanessa van der Linden Mota, a primeira médica que percebeu surto de casos de microcefalia em 2015 e supôs a associação entre o Zika vírus e microcefalia. A sua sede de trabalho é a AACD, a Associação de Assistência à Criança Deficiente, o centro de reabilitação onde a Dra Vanessa atende as crianças com microcefalia. Veja abaixo o artigo que publicou a AACD falando dos casos de microcefalia no seu centro:
"Em fevereiro deste ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência em saúde pública internacional pela microcefalia e outras anormalidades neurológicas relacionadas ao Zika Vírus. O número de casos notificados de recém-nascidos com microcefalia no Brasil, com destaque para Pernambuco, é grande e exige uma mobilização intensa dos profissionais de saúde da região, na busca pelo conhecimento do evento e adoção de medidas de saúde Pública para detecção precoce e assistência aos pacientes.
No fim do ano passado, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco fechou uma parceria com a AACD Recife e, em janeiro deste ano, a Instituição se tornou referência no atendimento de reabilitação de pacientes com a infecção congênita, realizando o acompanhamento, provavelmente relacionado com o Zika Vírus.
Atualmente, a AACD Recife tem 182 pacientes confirmados com microcefalia na faixa de 01 e 07 meses de idade. A equipe médica é formada por fisiatras, neuropediatras, ortopedistas, oftalmologista e geneticista, além de alguns especialistas como otorrinolaringologista." (https://aacd.org.br/casos-de-microcefalia-na-aacd/)
A AACD é um dos centros principais onde se atendem aos casos de microcefalia aqui no Nordeste do País. Mães muito preocupadas vêm de muito longe para buscar atendimento médico para suas crianças. Por causa da concentração de matéria humana e de locais especializados em atendimento neurológico (tem menos de 10 neuropediatras no Nordeste), os centros e hospitais têm que atender a mais dificuldades neurológicas que possível dados os recursos existentes. Tem uma grande deficiência de mão de obra. A Dra Vanessa apontou que uma maneira que o governo está ajudando a situação é erigir mais alguns centros que podem atender as crianças, especialmente no Interior, uma região geralmente mais pobre das zonas litorais.
A missão de decentralizar os atendimentos neurológicos associados à microcefalia está se desenvolvendo. Por exemplo, tem outros centros onde se atendem às dificuldades visuais e auditivas que têm as crianças. Um grande desafio que surgiu mais recentemente que se apresentou é a escassez de especialistas na gastropediatria para atender às dificuldades que têm os bebês microcefálicas com a coordenação de mastigar e engolir.
Eu também tive a oportunidade de falar com algumas mães que tinham bebês com microcefalia. Escutar as histórias de adversidades dessas mães era muito difícil, porque eu me senti impotente sem poder ajudar diretamente. Falaram da irritabilidade incessante de muitas crianças, chorando sem para, que acaba perturbando gravemente o sono. Porém, essas conversas eram muito especiais para mim - eram momentos quando comecei a perceber de modo mais visceral por quê esta pesquisa importa tanto. As consequências que leva a microcefalia são irreversíveis e a realidade não é bonita.
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Após minha visita com Dra. Van der Linden, eu fui a IMIP, uma grande instituição do Recife que trata muitos casos de microcefalia e a síndrome congênita do vírus Zika.
Veja o que se diz do Instituto:
"Fundado em 1960 por um grupo de médicos, liderados pelo Professor Fernando Figueira, seu mentor, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira - IMIP é uma entidade filantrópica, que atua nas áreas de assistência médico-social, ensino, pesquisa e extensão comunitária. Voltado para o atendimento da população carente pernambucana, o Complexo Hospitalar do IMIP é reconhecido como uma das estruturas hospitalares mais importantes do País, sendo centro de referência assistencial em diversas especialidades médicas."
No IMIP, eu entrevistei a mãe Dra. van der Linden, outro neuro quem também trabalha com casos de microcefalia e fazia parte desse equipe da família que supôs uma associação entre zika e microcefalia. No geral, ela falava mais sobre as funções do hospital infantil, já que não é centro de reabilitação como a AACD.
A visita no IMIP foi realmente revelador para entender algumas dificuldades da situação de saúde aqui no Brasil. Embora este hospital é privado, trata muitos pacientes que usam o SUS, o sistema único de saúde, para cobrir a assistência médica. O hospital estava lotado de gente já que aqui em Recife o IMIP é um dos melhores hospitais. Considerando a quantidade de pessoas que são tratadas lá cada dia, o IMIP é muito bem cuidado.
Quando eu estava no IMIP, eu visitei o museu esplendido do hospital. Gostei muito de algumas palavras do seu idealizador e criador: Fernando Figueira.
"Consciente ou não, o homem só se realiza em sua plenitude, quando se esquece de sua individualidade, se eleva e se projeta como parte integrante do imenso corpo social ao qual pertence"
"O médico que só sabe medicina sabe muito pouco"